Data: 04/05/2024

Baixada em Pauta #180: Especialistas dizem ser impossível erradicar o Aedes aegypti como no passado: 'no máximo controlar'


Mosquito vetor de diversas doenças, como dengue, chikungunya e zika foi considerado erradicado em 1955, mas, devido ao relaxamento da população, voltou a ser notícia no final da década de 1960. À época, a principal doença transmitida era a febre amarela. Os especialistas que participaram do podcast reforçaram que a "incompetência" da população em gerir o lixo reciclável permitiu a situação chegar ao atual estágio. Baixada em Pauta: Aedes Aegypti é o tema do podcast da semana O Aedes Aegypti foi o tema do Baixada em Pauta desta semana, que contou com os convidados Fábio Lopes, biólogo e pesquisador, e Márcia Guia, enfermeira e gestora em saúde. Eles trabalham desde 1996 com o vetor em São Vicente, no litoral de São Paulo, na primeira epidemia da doença na região. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. De lá pra cá, contaram que enfrentaram muitas dificuldades com a falta de recursos e pessoas capacitadas para atuar no controle da doença, mas desenvolveram ações, mapearam a área e conseguiram desenvolver um trabalho. Apesar de todos os esforços, a dupla ressalta que é a população quem tem papel fundamental para evitar o aumento de casos e mortes pela doença. Pois o controle do vetor em áreas urbanas está diretamente relacionado com a eliminação de focos de larvas do mosquito dentro de casas. De acordo com Fábio, nunca mais o mosquito será erradicado, como aconteceu em 1955 após ação do médico sanitarista Oswaldo Cruz. Este, em 1920 agiu e controlou a proliferação do mosquito, que foi considerado erradicado trinta anos mais tarde. Fábio e Márcia trabalham como o Aedes Aegypti em São Vicente (SP) há quase 30 anos e resolveram marcar o mosquito na pele g1 Santos "Ele não vai ser erradicado, tanto que o nome do plano de erradicação mudou para Plano Nacional de Controle da Dengue. Não é mais possível erradicar (o mosquito). O Aedes aegypti está muito ligado aos criadouros artificiais: lata, pote, frasco, tambor, barril, cisterna, caixa d'água", disse o biólogo. Ainda de acordo com ele, em 1996, quando começou a trabalhar no controle do mosquito, este fazia a postura de ovos em 12 tipos de criadouros diferentes. "Hoje, ele faz em 40, fora outros subtipos. Ele está diretamente ligado à nossa incompetência de gerenciar o lixo reciclável. A gente não gerencia 2% do nosso potencial de reciclagem no Brasil. O Aedes aegypti veio para ficar". Sobre o mosquito Aedes aegypti é reconhecido por sua coloração escura com listras brancas ao longo do corpo e pernas; ele é menor que outros mosquitos comuns e é diurno GETTY IMAGES via BBC O Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue e outras doenças, de acordo com o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), é originário do Egito, na África, e tem se espalhando pelo planeta desde o século 16, durante as grandes navegações. O vetor foi descrito cientificamente pela primeira vez em 1762, quando foi denominado Culex aegypti. O nome definitivo – Aedes aegypti – foi estabelecido em 1818, após a descrição do gênero Aedes. Segundo o instituto Fiocruz, relatos da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) mostram que a primeira epidemia de dengue no continente americano aconteceu no Peru, no início do século 19, com surtos no Caribe, Estados Unidos, Colômbia e Venezuela. No Brasil, os primeiros relatos de dengue datam do final do século XIX, em Curitiba (PR), e do início do século XX, em Niterói (RJ). Hoje, o mosquito é encontrado em todos os Estados brasileiros. Dados do Ministério da Saúde dão conta que que a primeira ocorrência documentada do vírus da dengue no país aconteceu entre os anos 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos vírus DENV-1 e DENV-4. Anos depois, em 1986, houve epidemias no Rio de Janeiro e em algumas capitais do Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada. Você confere essa história e muitas outras no bate-papo no podcast ou videocast do Baixada em Pauta. O acesso pode ser feito nesta matéria, na home do g1 Santos, nos aplicativos de áudios favoritos ou pelo Facebook. Basta curtir as páginas e nos seguir! O que são podcasts? Um podcast é como se fosse um programa de rádio, mas não é: em vez de ter uma hora certa para ir ao ar, pode ser ouvido quando e onde a gente quiser. E em vez de sintonizar numa estação de rádio, a gente acha na internet. De graça. Dá para escutar num site, numa plataforma de música ou num aplicativo só de podcast no celular, para ir ouvindo quando a gente preferir: no trânsito, lavando louça, na praia, na academia... Os podcasts podem ser temáticos, contar uma história única, trazer debates ou simplesmente conversas sobre os mais diversos assuntos. É possível ouvir episódios avulsos ou assinar um podcast – de graça - e, assim, ser avisado sempre que um novo episódio for publicado.